A palavra menopausa tem origem no grego e significa “fim do ciclo dos meses”. Corresponde ao fim da ovulação, logo, ao fim dos ciclos menstruais. De acordo com as orientações da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), considera-se que a mulher entrou nesta etapa da vida ao fim de um ano consecutivo de ausência de menstruação. Tal ocorre, habitualmente, entre os 45 e os 55 anos, mas há exceções (ver caixa no final da página). Embora existam situações de natureza médica que a podem desencadear, a menopausa é um fenómeno natural na vida de qualquer mulher.

Uma questão de ovulação

A menopausa decorre do envelhecimento, em concreto, do progressivo declínio da fertilidade. Quando nasce, a mulher possui cerca de 700 mil folículos ováricos, mas na puberdade já só tem 300 mil, reserva que se vai esgotando ao longo do tempo. A certa altura os ciclos ovulatórios vão-se tornando irregulares, o que se traduz em alterações na periodicidade, duração e volume de fluxo menstrual. É a chamada pré-menopausa. A mulher mantém alguma fertilidade, estimando-se que 25% dos ciclos menstruais possam ser ovulatórios. Isto é, mesmo não sendo menstruada todos os meses, continua a poder engravidar, pelo que deve manter o uso de contracetivo. Estas alterações culminam, a prazo, na ausência total de menstruação.

Alterações hormonais

O declínio da fertilidade explica-se pelas alterações hormonais. Os ovários vão deixando de produzir estrogénios – usa-se o termo no plural porque é uma ‘família’ hormonal – e progesterona. Este decréscimo envolve também a testosterona, por definição a hormona masculina, mas presente nas mulheres em menor quantidade.

São os estrogénios que estimulam os folículos ováricos para que libertem os óvulos. São também eles que, quando se dá a fertilização, provocam o aumento das contrações das paredes das trompas de Falópio, encaminhando o óvulo fertilizado para o útero. A progesterona é responsável por preparar o útero para receber esse óvulo e a testosterona está associada à líbido.

Estas hormonas, sobretudo os estrogénios, são também responsáveis pela elasticidade da pele e dos vasos sanguíneos; influenciam o processo de regeneração dos ossos; protegem funções cerebrais como a memória; ajudam a baixar o ‘mau’ colesterol (LDL) e estimulam a produção do ‘bom’ (HDL), pelo que a sua diminuição favorece a acumulação de gordura corporal e o aumento do risco cardiovascular – sobretudo de hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes.

Sinais e sintomas

A menor circulação hormonal explica os sinais e sintomas da menopausa. Há casos em que esta transição acontece quase sem se dar por isso. Noutros, a mulher pode apresentar queixas físicas, emocionais e/ou psicológicas de intensidade variável. Eis as mais comuns:

  • Afrontamentos e suores noturnos

Esta é uma queixa de 70% das mulheres, sendo mais frequente e intensa em 30% dos casos, refere a SPG. Trata-se de episódios de dilatação dos vasos sanguíneos na região do pescoço, na face e parte superior do tronco. Começam por uma sensação súbita de calor, de dois a quatro minutos, acompanhada de suores e, por vezes, calafrios e sensação de ansiedade.

  • Perda de qualidade do sono

São comuns as queixas de dificuldade em adormecer e em dormir a noite inteira: o acordar frequente e o despertar prematuro fazem com que o sono não seja reparador. A qualidade do sono pode ser afetada por vários fatores: pelos sintomas vasomotores, pelas alterações dos níveis hormonais e de humor, anomalias do ritmo circadiano, bem como por condições médicas associadas ao estilo de vida.

  • Secura e outros sintomas genitais

Secura, ardor e irritação vaginal são frequentes, o que se deve a uma menor lubrificação, devida à diminuição na produção de estrogénios. Como consequência, pode haver desconforto ou dor no ato sexual. O desejo sexual pode diminuir e podem também haver alterações a nível urinário, como sensação de urgência em urinar e infeções urinárias.

  • Acentuação do envelhecimento da pele

Devido à diminuição do colagénio e da elastina, a pele torna-se mais fina e menos elástica, aumentando as rugas. Estas alterações prendem-se com a menor presença de estrogénios. Dá-se igualmente uma quebra na produção de ácido hialurónico, que desempenha uma função de hidratação da pele.

  • Alterações de humor

A instabilidade da produção hormonal pode acarretar mudanças emocionais e comportamentais, à semelhança do que se verifica na gravidez. Pode haver uma maior irritabilidade, sensibilidade e choro fácil, por exemplo, sinais que podem ser acentuados pelo cansaço, pela dificuldade em dormir e pela eventual disfunção sexual.

Viver melhor a menopausa

Assim caracterizada, a menopausa inaugura uma nova etapa da vida da mulher. Adaptar-se a ela é possível e recomendável. Para isso, é importante o acompanhamento do ginecologista, que saberá avaliar a necessidade de tratamento específico – terapêutica hormonal de substituição e/ou recurso a terapêuticas não hormonais para atenuar os sintomas. Além disso, há medidas ao alcance de todas as mulheres para conquistarem o seu bem-estar e saúde:

  • Praticar exercício físico

Além dos benefícios emocionais, pela libertação de energia e por promover o convívio, é essencial para fortalecer os ossos e prevenir um dos riscos associados à menopausa: a osteoporose. Trata-se do declínio da densidade óssea, o que fragiliza o esqueleto e abre a porta a fraturas que podem condicionar a mobilidade.

Evite alimentos ricos em gordura e processados (enchidos, por exemplo), bem como os muito condimentados e estimulantes – podem acentuar alguns sintomas da menopausa e agravar os fatores de risco. Cálcio, zinco, ácido fólico e selénio são alguns dos minerais mais importantes. Para os obter, prefira alimentos com baixo teor de gordura e elevado valor nutricional – como leguminosas, legumes, fruta e cereais integrais.

  • Hidratar a pele

É conveniente usar produtos próprios para peles maduras, pois compensam a ausência natural de colagénio e, deste modo, podem ajudar a retardar o envelhecimento cutâneo.

  • Vigiar a saúde

Vigiar os valores de pressão arterial, glicémia e colesterol é particularmente importante nesta fase. Exames como a ecografia mamária e pélvica e a mamografia devem ser realizados de acordo com as indicações médicas para cada caso.

Em que idade surge a menopausa?

Antes dos 40 anos | Menopausa prematura
40 – 45 anos | Menopausa precoce
Após os 55 anos | Menopausa tardia

 

Tome nota

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