Do hip-hop às danças de salão, passando pelo zumba. A dança apresenta-se numa infinidade de estilos e pode ser realizada individualmente ou a pares, numa escola, no ginásio ou em casa. Seja qual for a variante, alia a diversão a uma componente social que promove a adesão à modalidade. O resultado é um leque de benefícios para a saúde física e mental. Não é por acaso que a dança é recomendada em todas a idades, independentemente da forma física e do peso do praticante. Fique a saber tudo o que pode ganhar numa aula de dança.

Reforço do pavimento pélvico

Dançar permite reforçar os músculos do pavimento pélvico, que suportam os órgãos da região abdominal inferior. As vantagens são salientadas num estudo do Instituto Universitário de Geriatria de Montreal realizado em colaboração com o Instituto federal de Tecnologia de Zurique. Vários exercícios de dança foram incluídos num programa mais vasto de fisioterapia para reforço do pavimento pélvico. Os resultados mostraram que houve um reforço da diminuição de perdas de urina e uma maior taxa de adesão ao programa, que foi atribuída ao caráter lúdico da dança.

Ainda segundo os investigadores, o facto de a dança obrigar a seguir uma coreografia enquanto se controla a bexiga é uma mais-valia. É que este ensinamento pode e deve aplicar-se também na realização de tarefas quotidianas. Ou seja, quem aprende a dançar aprende a contrair os músculos do pavimento pélvico também enquanto realiza outras atividades diária. A dança, defendem os autores do estudo, acaba por ser mais funcional do que os exercícios pélvicos tradicionais estáticos.

Das calorias à imunidade

Os benefícios da dança estão em pé de igualdade com os de outras atividades físicas – ou até os ultrapassam. Um estudo da universidade de Brighton, Reino Unido, demonstrou que certas modalidades permitem queimar mais calorias do que praticar atletismo, natação ou ciclismo. No topo das modalidades com maior gasto calórico estão as danças urbanas, como o hip hop, o break dance, swing dance (como o lindy hop ou balboa) ou a dança contemporânea.

Mas há mais a ganhar com a dança do que a perda de calorias, como explica Bibi Fernandes, diretora artística e pedagógica da EDSAE – Escola de Danças Sociais e Artes do Espectáculo: “A dança contribui para o fortalecimento muscular, flexibilidade, amplitude articular e tonicidade, ajudando também a movimentar o sistema linfático e sanguíneo, contribuindo consequentemente para a imunidade”. E mesmo as aulas coreografadas de ginásio têm benefícios globais para a saúde, salienta Carla Gaspar, personal trainer especialista em modalidades de fitness coreografadas: “Estas aulas permitem uma melhoria da condição física no seu todo, a nível cardiovascular, de força e flexibilidade, trabalhando os músculos de todo o corpo”.

Dos laços sociais às ligações cerebrais

Diversos estudos científicos demonstram o impacto positivo da dança na redução da ansiedade e stress, melhorando a autoestima, a perceção da imagem corporal e a forma como lidamos com situações negativas. Por exemplo, uma análise da SRH University Heidelberg a 27 estudos sobre a dança conclui que a prática de dança deve ser encorajada como forma de tratamento em quem sofre de depressão ou ansiedade.

“Temos muitos alunos que, em vez de pagarem consultas no psicólogo, preferem pagar aulas de dança”, sublinha Bibi Fernandes, para ilustrar os benefícios de uma aula de dança para o bem-estar dos praticantes. “A dança social [como a salsa ou o kizomba] trabalha sobretudo o fator liberdade, alegria e partilha. Criam-se laços de verdadeira amizade e de comunhão, ajudando a combater o isolamento e a depressão”, reforça a diretora da EDSAE.

A dança é benéfica também a nível cerebral. Alguns estudos clínicos, como uma investigação do Albert Einstein College of Medicine, relacionam esta atividade física com melhorias de memória e redução do risco de demência em idosos. É também apontada uma relação positiva entre a dança e a melhoria de qualidade de vida para quem sofre de doença de Parkinson.

Caso a caso

Embora todas as modalidades sejam benéficas, é possível distinguir vantagens específicas:

  • Street dance

Do hip hop ao break dance e swing, são as modalidades em que há maior gasto calórico.

  • Contemporâneo, jazz e ballet

Trabalho técnico, força, coordenação e flexibilidade, com melhorias em todos os grupos musculares. Grande exigência para um desenvolvimento global do corpo.

  •  Danças sociais

Embora fortaleçam e tonifiquem diversos grupos musculares, privilegiam sobretudo o contacto social e a interação entre as pessoas de forma muito ativa.

  •  Aulas de fitness coreografadas

Aulas de grupo praticadas em ginásio, como o Zumba ou o Sh’bam, permitem uma melhoria da condição física no seu todo, a nível cardiovascular, força e de flexibilidade.

Cuidados a adotar 

  • Faça sempre os exercícios de aquecimento iniciais, assim como os alongamentos no final da aula;
  • No caso de aulas de fitness, comece por modalidades com coreografias mais simples para aprender os exercícios e nunca desmotivar;
  • Use calçado confortável e apropriado para cada dança;
  • Coma uma a duas horas antes da aula;
  • Leve uma garrafa de água para se manter hidratado;
  • Aposte numa alimentação saudável, rica em cereais integrais, leguminosas e vegetais e pobre em açúcares, que prejudicam o foco e a concentração.

3,6 kms

É quanto pode percorrer numa aula de street dance, em 60 minutos. É o equivalente a percorrer a ponte 25 de Abril e continuar mais 1,3 quilómetros.

 

Colaboração

Bibi Fernandes

Fundadora da EDSAE, onde exerce atualmente o cargo de diretora pedagógica e artística. Licenciada pela Escola Superior de Dança de Lisboa, no Ramo de Espetáculo. Bailarina profissional, coreógrafa e professora. Fundadora e mentora do Macroliving – Centro de Orientação Alimentar Macrobiótica

Carla Gaspar

Personal trainer e coach. Licenciada em Educação Física e Desporto e mestre em Marketing Desportivo. Professora universitária na Universidade Lusófona.

 

URO_2019_0027_PT, NOV19