É na China, há mais de 2500 anos, estima-se, que estão as origens do Tai chi chuan (ou taijiquan), uma prática que combina exercício e meditação e que, por isso, é apelidada de “meditação em movimento”. O seu objetivo é, precisamente, atuar em simultâneo sobre o corpo e a mente para atingir um estado de harmonia.

Mais do que uma arte marcial

O Tai chi nasceu a partir de uma arte marcial de orientação taoísta, sendo uma prática física de raiz filosófica. Ao contrário de outros exercícios, que implicam tensão muscular, os seus movimentos são tipicamente lentos e harmoniosos. É preciso que os músculos e articulações estejam simultaneamente alongados e relaxados, o que exige prática e concentração. O resultado é uma sequência de movimentos semelhante a um ‘bailado’, que reproduz técnicas precisas de defesa marcial. Em paralelo, há um foco especial na respiração, pausada e profunda, e nas sensações do corpo. Procura-se um estado interior de presença e tranquilidade.

A harmonia entre a mente e o corpo tem levado a comunidade científica a considerá-lo valioso na promoção da qualidade de vida. No Centro de Pesquisa Osher da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, nos EUA, foi criado um programa de investigação sobre a modalidade.

Uma mão cheia de benefícios

Também a pesquisa desenvolvida pelo National Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH), nos Estados Unidos, tem procurado demonstrar as vantagens do Tai chi para a saúde:

  • Flexibilidade | Os exercícios do Tai chi aumentam a flexibilidade e a resistência, contribuindo para fortalecer os músculos;
  • Estabilidade | Por se realizarem lentamente e sem esforço, promovem a estabilidade. Este fator é importante na prevenção de quedas em pessoas mais velhas. É que, com a idade, a capacidade de percecionar a posição do corpo no espaço vai diminuindo. O Tai chi estimula os sensores do ouvido interno responsáveis por essa perceção;
  • Alívio da dor | Um estudo conduzido pelo NCCIH junto de 40 pessoas com osteoartrite identificou melhorias no funcionamento das articulações, nomeadamente do joelho, e alívio da dor associada ao movimento. Outro estudo, com 100 doentes com fibromialgia, concluiu que a prática aumenta a resistência à dor e à fadiga. Ajudou, assim, os doentes a lidar melhor com as tarefas do quotidiano;
  • Melhoria da cognição | Outra investigação do mesmo instituto, publicada em 2014, sugere que melhora o quadro cognitivo. Em particular, potencia raciocínio, memória e capacidade de resolver problemas;
  • Redução do stresse |A prática de Tai chi parece revelar-se positiva na redução do risco de sintomas de stresse, ansiedade e depressão, ainda que estes estudos não sejam ainda conclusivos;
  • Melhoria da qualidade de vida | Há pesquisas que associam a regularidade da prática a aumento da qualidade de vida e do humor. Nomeadamente, em doentes com patologia cardiovascular e oncológica.

Ao alcance de todos

O Tai chi pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente da idade ou forma física. Basta usar roupa confortável, que não atrapalhe os movimentos, e calçado que não escorregue, com sola rasa e suficientemente fina para sentir o chão. Pode ser praticado em casa ou ao ar livre, tendo neste caso o benefício do contacto com a natureza. Não é por acaso que tradicionalmente os chineses praticam Tai chi em jardins e parques… Preparado para começar?

Tai chi e bexiga hiperativa

Por poder promover a diminuição da ansiedade e do stresse, o Tai chi pode beneficiar quem sofre de bexiga hiperativa, complementando outras formas de tratamento. Um estudo publicado no Journal of Integrative Medicine, em 2017, sugere isso mesmo. Na pesquisa, realizada com mulheres com mais de 50 anos, o grupo que recebeu sessões de Tai chi por 12 semanas teve uma diminuição significativa dos sintomas.

 

URO/2017/0035/Ptbo, Jan19