Trabalhar a interação entre o corpo e a mente com o intuito de aumentar a calma e o relaxamento físico. É este o objetivo da meditação, uma prática tão antiga que surge referida numas das escrituras sagradas mais antigas do mundo, os Vedas, do hinduísmo.

Entre os seus benefícios contam-se a melhoria do equilíbrio psicológico e da saúde e bem-estar em geral, refere o National Institutes of Health (NIH), agência governamental de investigação biomédica dos Estados Unidos. Tem ainda a vantagem de ser uma solução acessível a qualquer pessoa. Basta saber como começar.

Os benefícios

De forma geral, a meditação é considerada uma prática segura para pessoas saudáveis, refere o NIH. Há estudos que sugerem efeitos na redução da tensão arterial, ansiedade, depressão e insónias, bem como benefícios a nível mental, refere a mesma fonte. Por exemplo, uma investigação publicada em 2012 mostrou que pessoas que praticavam meditação há vários anos tinham características cerebrais associadas a uma maior capacidade de processar informação. Em 2013, uma revisão de três estudos identificou efeitos ao nível da desaceleração e reversão de alterações cerebrais associadas ao envelhecimento.

O que é a meditação?

Da meditação guiada à repetição de um mantra, passando pelo mindfulness e yoga, existem muitos tipos de meditação, mas há características comuns a todos, identifica a Mayo Clinic.

  • Atenção focada | Focar a atenção num objeto, imagem, mantra ou mesmo na respiração permite libertar a mente das distrações habituais, causadoras de stress e preocupação;
  • Respiração relaxada | Respire profundamente e a um ritmo constante, usando o diafragma para expandir os pulmões. O objetivo é abrandar a respiração, absorver mais oxigénio e reduzir o uso dos ombros, pescoço e músculos do tórax no processo;
  • Ambiente tranquilo | O ambiente é importante sobretudo para quem começa, de forma a reduzir as distrações. Em níveis mais avançados, pode-se meditar em situações de stress, como numa fila de trânsito ou numa reunião de trabalho;
  • Posição confortável | Pode-se meditar sentado, deitado, a caminhar ou durante qualquer actividade, mas é importante manter uma boa postura para tirar o melhor partido da atividade;
  • Atitude de abertura | Enquanto medita, será invadido por vários pensamentos sobre tudo e mais alguma coisa. Deixe-os fluir, surgirem e passarem pela sua mente de forma natural, sem julgamentos.

Como começar a meditar

Agora que já conhece as principais características da meditação, só precisa de passar à prática. Para isso, experimente começar a reservar alguns momentos do dia para alguns dos exercícios sugeridos pela Mayo Clinic:

  • Feche os olhos e respire de forma relaxada, concentrando toda a sua atenção nessa função. Sinta e ouça o ar a entrar e a sair pelas suas narinas;
  • Perscrute o seu corpo e vá focando a atenção nas suas diferentes partes, até ganhar consciência das várias sensações que dele emanam: dor, tensão, calor, relaxamento;
  • Repita um mantra, uma palavra ou conjunto de palavras por si criados. Pode ser uma oração religiosa que já exista ou uma que tenha criado;
  • Foque-se num ser ou numa imagem sagrada, deixando os seus pensamentos serem inundados por sentimentos de amor, compaixão e gratidão;
  • Medite enquanto caminha, seja numa floresta, na rua ou num centro comercial. Caminhe vagarosamente, de modo a focar-se em cada movimento das suas pernas e pés, sem pensar em nenhum destino em particular;
  • Leia algo e reflita sobre o seu significado – poesia, por exemplo. Ou ouça música capaz de o inspirar e relaxar.

Superar barreiras

Num mundo com cada vez mais solicitações, esvaziar a mente de preocupações e pensamentos é um verdadeiro desafio. Por isso, meditar é um processo de aprendizagem. É natural que quem começa sinta algumas dificuldades, que se esbaterão naturalmente com a prática. David Gelles, repórter do The New York Times e autor do livro Mindful Work, aponta formas de as superar:

  • Excesso de autocrítica e falta de confiança | É natural ter dúvidas sobre a forma como faz os exercícios, mas a solução passa por ignorar qualquer tipo de julgamento sobre se está, ou não, a fazê-los bem;
  • Sonolência | Pode surgir quando a mente está demasiado estimulada ou o corpo precisa de descanso. Procure manter uma postura direita e os olhos abertos. Como alternativa, medite enquanto anda ou concentre-se em sons, em vez de se focar na respiração;
  • Impaciência ou inquietação |O nosso cérebro está tão acostumado a estar ativo, a responder a estímulos, que podemos cair numa sensação de aborrecimento. Se assim for, foque-se em sensações muito específicas;
  • Dor | Pode surgir sobretudo nas pernas e costas se meditar por longos períodos. Note que é uma sensação que acabará por desaparecer e direcione a atenção para outra parte do corpo. Se persistir, mude a sua postura para se sentir confortável.

 

Tome nota

Apesar de existir pouca bibliografia científica sobre meditação e síndrome da bexiga hiperativa, há pesquisas que dão conta de melhorias junto de quem sofre os sintomas desta doença.

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