Ajudar as pessoas a viver de forma mais feliz, saudável e produtiva. Segundo a Associação Americana de Psicologia, é esta a função da psicoterapia. Este método de tratamento de problemas mentais e emocionais baseia-se na intervenção e na comunicação verbal e não-verbal.

Pode ser usado para tratar problemas como a depressão e a anorexia ou para superar situações difíceis, do desemprego ao divórcio, da perda de peso a deixar de fumar.

Aplicando procedimentos validados cientificamente, ajuda-se as pessoas a desenvolverem hábitos mais saudáveis e eficazes e a eliminar ou controlar sintomas que condicionam a sua saúde e bem-estar. As estratégias terapêuticas passam por fomentar a partilha de problemas e de situações traumáticas, gerando um melhor autoconhecimento.

Em que situações é que a psicoterapia pode ajudar?

Por norma, as pessoas procuram a psicoterapia em contexto de desequilíbrio, quer seja físico, quer seja emocional, explica a psicóloga clínica Isabel Duarte. A maioria encontra-se em sofrimento, ainda que os sinais de alarme possam ser variados e dependam do contexto de cada pessoa. Por exemplo, pode tratar-se de situações de doença crónica ou insónia, mas também de depressão ou ansiedade.

“Em alguns casos há uma componente emocional muito forte: são pessoas que se divorciaram, perderam um familiar próximo, mudaram de trabalho, têm uma relação conflituosa com o chefe ou vivem profundamente tristes porque não conseguem lidar com os filhos”, descreve a psicóloga.

Que sinais de alarme podem indicar que preciso de psicoterapia?

A Associação Americana de Psiquiatria enumerou os principais sintomas que indicam que a psicoterapia pode ser uma ferramenta útil. São eles:

  • Sensação prolongada de tristeza e de abandono;
  • Dificuldade de concentração no trabalho e noutras atividades do quotidiano
  • Sensação de impotência: os seus problemas não parecem melhorar, apesar dos seus esforços e da ajuda de amigos;
  • Preocupação constante: espera sempre que o pior aconteça ou sente-se no limite todos os dias;
  • Atitudes negativas: tem comportamentos que o prejudicam a si e aos outros, como reações agressivas ou consumo excessivo de álcool e drogas.

Como é que a psicoterapia atua?

A psicoterapia baseia-se na relação confidencial entre o indivíduo e o especialista, por norma um psicólogo ou psiquiatra de formação. A confiança entre ambos é fundamental.

Através do diálogo, o doente fala de forma aberta sobre os seus problemas. Desta forma é possível identificar e alterar, progressivamente, os seus pensamentos e comportamentos. No fim, o objetivo não é apenas que o problema tenha ficado resolvido, mas que a pessoa tenha adquirido novas competências para lidar com desafios futuros.

O que acontece numa sessão de psicoterapia?

Através de uma conversa, o terapeuta, guiado por uma grelha analítica baseada num modelo psicoterapêutico, ajuda o paciente a compreender o sofrimento e o problema que está a viver. “O objetivo é enquadrar e desconstruir a situação, para que a pessoa não fique bloqueada na tristeza e prossiga com a sua vida”, afirma Isabel Duarte.

Para obter o máximo proveito das sessões, a Associação Americana de Psiquiatria aconselha a que se seja o mais aberto e honesto possível durante o tratamento, seguindo todas as recomendações do especialista.

A psicoterapia é eficaz?

Por persistirem ideias erradas, muitas pessoas sentem-se relutantes a recorrer a esta técnica terapêutica. Trata-se de um receio infundado: 75% das pessoas que fazem psicoterapia sentem-se melhor e mais aptas a lidar com o quotidiano, garante a Associação Americana de Psiquiatria. Entre os benefícios estão a melhoria da satisfação profissional, a redução dos problemas de saúde e a diminuição do número de dias de doença.

Vários estudos científicos, citados pela mesma organização, identificaram alterações cerebrais positivas após sessões de psicoterapia em pessoas com doenças mentais, como depressão, stress pós-traumático e síndrome de pânico. Em alguns casos, o efeito é semelhante ao da medicação.

Quanto tempo dura um tratamento em psicoterapia?

As sessões duram normalmente entre 30 e 50 minutos. Dependendo dos objetivos, podem ser conduzidas tanto individualmente, quer em família, em casal ou em grupo – nestes casos podem durar até 1h20. As intervenções em psicoterapia podem limitar-se a algumas sessões ou prolongar-se durante meses ou anos.

A psicoterapia substitui a medicação?

“Não”, afirma a psicoterapeuta. “São complementares, ainda que haja casos em que as pessoas fazem psicoterapia sem tomar medicamentos.” A toma de fármacos é recomendada sobretudo em caso de doença mental, em que a ausência de medicação descompensa totalmente os doentes e, por isso, se torna obrigatória ao longo da vida.

Noutros contextos menos graves, algumas pessoas estão medicadas temporariamente como forma de lidar melhor com o sofrimento, sem que este tenha um impacto profundo no quotidiano.

Para que a recuperação seja mais rápida é importante praticar exercício físico, dormir bem e adotar uma alimentação saudável, recomenda a Associação Americana de Psiquiatria.

Que profissionais podem realizar sessões de psicoterapia?

Podem conduzir sessões de psicoterapia psicólogos, psiquiatras e outros profissionais de saúde com formação específica na área. “A formação tem de ser validada por uma das associações existentes em Portugal. No caso dos psicólogos que são também psicoterapeutas, têm também de ser reconhecidos como tal pela Ordem dos Psicólogos”, explica Isabel Duarte. 

Que tipos de psicoterapia existem?

Existem várias abordagens ao tratamento psicoterapêutico. Em algumas situações, os terapeutas combinam elementos de diferentes abordagens para ir de encontro às necessidades da pessoa. Alguns tipos de psicoterapia mais comuns:

  • Terapia Cognitivo-Comportamental: ajuda a identificar e a alterar pensamentos e padrões comportamentais;
  • Terapia Interpessoal: usada com frequência para tratar a depressão, foca-se também na resolução de problemas de cariz interpessoal, como conflitos ou alteração de papéis sociais ou profissionais;
  • Terapia Comportamental Dialética: recomendada para pessoas com pensamentos suicidas, distúrbios alimentares e stress pós-traumático;
  • Terapia Psicodinâmica: baseia-se na ideia de que as experiências da infância e os pensamentos repetitivos influenciam o comportamento e o bem-estar;
  • Psicanálise: método de investigação do inconsciente, focado no mundo interno do indivíduo – os seus sonhos, conflitos e fantasias;
  • Psicoterapia de apoio: estimula os doentes a desenvolver os próprios recursos para reduzir a ansiedade e aumentar a autoestima.

A psicoterapia pode, ainda, ser combinada com outras formas terapêuticas, incluindo a terapia assistida por animais, a biodança, o psicodrama ou a arte-terapia, entre outras.

Tome nota

A psicoterapia pode ser usada para reduzir a ansiedade associada à bexiga hiperativa, minimizando assim o seu impacto.

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