As análises à urina são um meio complementar de diagnóstico comum. Simples, indolores e práticas, são análises clínicas a uma amostra de urina. De acordo com o The National Kidney Foundation, algumas das suas finalidades mais comuns são:

  • Diagnosticar, por exemplo, uma infeção do trato urinário ou infeções sexualmente transmissíveis (IST), como gonorreia, clamídia ou sífilis;
  • Diagnosticar ou monitorizar patologias como doença renal, diabetes, neoplasias da bexiga ou problemas hepáticos;
  • Detetar sangue na urina (hematúria);
  • Confirmar uma gravidez;
  • Pesquisar a presença de drogas no organismo.

A urina deve ser colhida num recipiente assético, que pode ser comprado na farmácia. Dependendo do contexto em que sejam pedidas as análises, a colheita pode ser feita em consultório/laboratório ou pelo próprio doente em casa. Seja qual for o caso, tal como acontece com todas as análises clínicas, os resultados devem ser interpretados pelo médico com base nos sinais e sintomas e no historial clínico de cada doente.

Análises à urina: as mais comuns

Com o objetivo de investigar um determinado diagnóstico do qual se suspeita, as análises à urina habitualmente mais solicitadas são:

  1. Teste rápido de urina (combur)
  2. Análise sumária de urina
  3. Estudo de urina de 24 horas
  4. Urocultura
  5. Citologia urinária

 

1)  Teste rápido de urina (combur)

O teste rápido de urina é, geralmente, pedido com o objetivo de investigar a suspeita de uma infeção urinária. Os resultados podem ser obtidos no momento, mas devem ser interpretados com cautela, sempre com integração no contexto clínico.

A análise de urina é feita com uma fita reativa. A fita possui vários reagentes para cada parâmetro a ser avaliado, que mudam de cor quando esta é submersa no recipiente com urina. Além de medir o ph (grau de acidez da urina) e a densidade da urina, este exame permite fazer a pesquisa de elementos anormais. Por exemplo, proteínas, glicosúria (açúcar na urina), corpos cetónicos ou leucócitos (glóbulos brancos), entre outros.

A urina é também examinada em relação à sua cor e clareza. Uma urina mais escura, turva, espumosa ou com sangue pode indicar a existência de infeção, problemas renais, hepáticos, desidratação ou outras questões de saúde.

Cuidados a adotar |Para garantir a viabilidade da amostra, siga as recomendações da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar ao fazer a colheita da amostra de urina:

  • Salvo indicação do médico, deve colher a primeira urina da manhã, excluindo o jato de urina inicial. Há, contudo, casos em que este jato não deve ser desprezado. Nomeadamente, ao investigar uma prostatite ou uretrite;
  • Ao levantar-se, de manhã, e antes de urinar, lave bem os genitais com água e sabão. Passe, em seguida, por água tépida abundantemente. As mulheres devem ter o cuidado de se lavar sempre de frente para trás;
  • Urine diretamente no recipiente comprado na farmácia ou fornecido pelo laboratório/médico, procurando que não toque na pele nem na roupa. Se é homem, recolha a pele da glande (prepúcio); se é mulher, separe os lábios dos genitais;
  • Feche bem o recipiente e evite a sua exposição à luz e ao calor até à sua entrega no laboratório;
  • Se não lhe for possível entregar a amostra no prazo de uma hora, mantenha-a no frigorífico. Não deve demorar mais do que 4 horas a entregá-la.

2)  Análise sumária de urina ou urina tipo II

A análise sumária de urina, mais conhecida como urina tipo II, costuma ser solicitada para analisar a composição da urina e verificar se existe alguma alteração na sua composição. É particularmente útil na pesquisa de cristais, substâncias que contribuem para a formação de pedras nos rins. Os resultados costumam estar disponíveis ao fim de algumas horas.

Além do exame físico e bioquímico da urina (como no teste rápido de urina), engloba o exame microscópico ou sedimento urinário. Neste procedimento a urina é centrifugada num tubo, para que as partículas sólidas se concentrem no fundo e possam ser estudadas mais facilmente.

Em condições normais, é possível encontrar na urina uma quantidade limitada de glóbulos vermelhos, de glóbulos brancos, de algumas células epiteliais e de cristais de urato de sódio. No entanto, a presença de um número elevado destes elementos ou de outras substâncias, como fungos e bactérias, pode sinalizar a existência de problemas ao nível dos rins e do trato urinário, informa a American Academy of Family Physicians.

Cuidados a adotar| Os mesmos recomendados no teste rápido de urina.

3) Urina de 24 horas

É um estudo que implica a recolha de urina ao longo de 24 horas. À semelhança da urina tipo II, serve para avaliar alterações na composição da urina. São analisados determinados compostos que podem ser excretados pelo rim em excesso, bem como outras substâncias que, se presentes em demasia na urina, podem favorecer a formação de cálculos renais. Por isso, esta análise à urina é habitualmente solicitada após o diagnóstico e a remoção de cálculos renais para determinar a causa da sua formação.

Cuidados a adotar|De acordo com a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, estes são os cuidados que deve ter na recolha da amostra de urina de 24 horas:

  • Utilize um recipiente para recolher a urina de um dia inteiro. Pode comprá-lo numa farmácia ou laboratório. Como alternativa, pode usar uma garrafa ou garrafão de água;
  • Comece a recolher a urina na véspera do dia em que a vai entregar;
  • Ao levantar-se nesse dia, pode urinar normalmente. A primeira urina não deve ser colhida. A partir daí, deve recolher toda a urina que fizer nesse dia e durante a noite, incluindo a primeira urina da manhã seguinte;
  • A urina deve ser mantida no frigorífico durante a colheita e até ser entregue no laboratório.

4) Urocultura ou exame microbiológico da urina

Esta análise à urina permite confirmar o diagnóstico de infeção urinária, ao detetar o microrganismo que a provoca. A sua realização pode ser dispensada em algumas circunstâncias, mas é obrigatória nas infeções subsequentes. Isto porque permite identificar a bactéria implicada e o antibiótico mais apropriado para a combater. A amostra é colocada em estufa para facilitar a proliferação das bactérias, pelo que os resultados demoram, pelo menos, cinco dias a ficarem disponíveis.

Cuidados a adotar | Estes são os passos que deve seguir para colher a urina nesta análise:

  • Antes de iniciar a colheita, lave cuidadosamente os órgãos genitais com sabão neutro: os homens devem lavar a glande e o meato urinário, as mulheres os genitais externos e áreas envolventes;
  • Colha apenas o jato intermédio para o recipiente esterilizado fornecido pelo laboratório ou comprado na farmácia. Despreze o início e a parte final da urina;
  • As mulheres devem afastar os grandes lábios para evitar contaminar a urina, os homens devem recolher a pele da glande;
  • Tape imediatamente o recipiente e entregue a amostra no laboratório, no máximo após 24 horas. Até lá, guarde-a no frigorífico.

5)  Citologia urinária

A citologia urinária consiste no exame da urina ao microscópio para detetar a presença de eventuais células cancerosas. Costuma ser utilizada no âmbito da investigação de tumores do urotélio, sendo a indicação mais comum a hematúria (presença de sangue na urina). O relatório pode estar disponível dentro de um ou dois dias. Se a citologia identificar células malignas ou suspeitas, é provável que o médico peça outros exames, nomeadamente uma cistoscopia, para estabelecer o diagnóstico definitivo.

Cuidados a adotar | No Manual de Colheitas e Envio de Material para o Laboratório do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) são recomendados os seguintes cuidados:

  • Não deve ser utilizada a primeira urina da manhã;
  • A amostra pode ser colhida a qualquer hora do dia, mas deve-se ficar 2 horas sem urinar antes da colheita;
  • Os genitais devem ser bem limpos antes da recolha;
  • De acordo com a Urology Care Foundation, para obter uma amostra limpa, deve excluir o início do jato urinário, colhendo a restante urina para um recipiente estéril comprado na farmácia ou junto do laboratório;
  • Sempre que possível, a amostra deve ser conservada no frigorífico até ser enviada para o laboratório nesse mesmo dia.


Atenção

Os medicamentos que toma e a menstruação podem influenciar o resultado das análises à urina. Deve comunicar esta situação ao médico, bem como indicar tudo o que está a tomar, recomenda a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.

URO/2017/0033/PTcz, MAI18