A incontinência urinária é uma situação patológica que resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina. Assim definida pela Associação Portuguesa de Urologia (APU), abrange uma grande diversidade de situações, já que as perdas involuntárias de urina podem ser desde fugas muito ligeiras e ocasionais a perdas mais graves e regulares.

Este é um problema que se estima que afete 20% da população portuguesa com mais de 40 anos, sendo que com o envelhecimento da população a tendência é de aumento, refere a mesma fonte. As mulheres são mais afetadas, sendo a proporção de 3 mulheres para cada homem afetado entre os 45 e os 65 anos, refere a mesma fonte.

Apesar da significativa prevalência deste problema e de a taxa de cura poder chegar a 90% (no caso da incontinência de esforço), apenas 10% dos doentes recorrem ao médico por problemas de incontinência urinária. Importa, por isso, aumentar a consciência sobre este problema e a necessidade de falar com o médico para poder identificar as melhores opções terapêuticas o quanto antes.

Que tipos de incontinência urinária existem?

Os principais tipos de incontinência urinária são a incontinência de esforço e a de urgência. A de esforço é a forma mais comum de incontinência. As perdas de urina ocorrem na sequência de uma atividade ou esforço físico, em ações tão simples como saltar, espirrar, tossir, rir ou levantar objetos pesados. Em casos mais graves, a perda pode acontecer ao levantar-se de uma cadeira, ao sair da cama ou durante uma caminhada.

Na incontinência de urgência, as perdas de urina estão associadas a uma vontade súbita e intensa de urinar. Nestas situações, o músculo da bexiga (detrusor) contrai-se demasiado cedo e não se consegue controlar a saída de urina pela uretra. Este pode ser um dos sintomas da síndrome de bexiga hiperativa.

Quais são as causas da incontinência urinária?

A diferentes tipos de incontinência correspondem diferentes fatores na sua origem. Assim, na incontinência de esforço o que está em causa é o enfraquecimento dos músculos da zona pélvica. Este fenómeno é, até certo ponto, uma consequência natural do envelhecimento, mas há vários fatores que contribuem para o agravar. Nas mulheres, a gravidez, o parto e/ou as alterações hormonais provocadas pela menopausa podem explicar o problema. Cirurgias na região pélvica ou, no caso dos homens, na próstata, bem como lesões na uretra também têm impacto. O excesso de peso e a obesidade são fatores de risco.

A incontinência por urgência pode ter origem num leque abrangente de situações. Os sintomas podem ser consequência de uma infeção urinária ou de um cancro da bexiga. No caso dos homens, o aumento da próstata está frequentemente na origem deste tipo de incontinência. Também pode estar associado a danos no sistema nervoso e a doenças como Parkinson, Alzheimer ou esclerose múltipla. Na ausência de outras causas identificáveis, o diagnóstico pode ser de síndrome de bexiga hiperativa.

A incontinência urinária tem tratamento?

Sim, é possível tratar e resolver a incontinência urinária. A ideia errada de que não existe tratamento é um dos mitos que persistem sobre a doença, levando a que muitas pessoas não procurem ajuda médica.

Na verdade, os músculos do pavimento pélvico podem ser reforçados através da realização regular de exercícios de Kegel, que atuam sobre a camada de suporte da bexiga, reforçando-a. Há técnicas assistidas por um fisioterapeuta, como o biofeedback, que podem ajudar no trabalho muscular. Algumas medidas alimentares, de controlo do peso e reeducação da bexiga também podem ajudar. Outras possibilidades são a toma de medicamentos, a eletroestimulação ou cirurgia. Tudo depende do diagnóstico. Não há dois casos iguais, pelo que é fundamental procurar ajuda médica.

Como é feito o diagnóstico de incontinência urinária?

Como sublinha a APU, o historial clínico do doente é o ponto de partida para o diagnóstico de incontinência urinária. A informação sobre os mecanismos e circunstâncias em que ocorrem as perdas de urinas dão pistas importantes ao médico, complementadas por um exame físico. O médico poderá pedir exames complementares de diagnóstico como uma ecografia, análises gerais ao sangue e à urina ou um estudo urodinâmico.

É possível prevenir a incontinência urinária?

Tendo em conta a multiplicidade de fatores que interagem na origem da incontinência urinária, nem sempre esta condição pode ser prevenida. No entanto, como salienta a Mayo Clinic, o risco pode ser reduzido através de medidas de estilo de vida, incluindo:

Estas mesmas medidas devem também ser adotadas por quem já sofre de incontinência urinária, no sentido de melhorar a qualidade de vida e os resultados do tratamento.

 

90%

Proporção de casos de incontinência urinária de esforço em que a cura é possível, segundo a APU. Tanto na mulher como no homem, o tratamento cirúrgico desempenha um papel preponderante neste tipo de incontinência.

 

URO/2017/0035/PTb, Jul18