Prisão de ventre, intestino preso ou obstipação são sinónimos que denominam a dificuldade persistente em evacuar. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), a obstipação caracteriza-se por uma dificuldade persistente na evacuação, que requer um grande esforço e ocorre menos do que três vezes por semana.
Este é um problema comum, afetando pessoas de todas as idades, embora seja mais frequente a partir dos 65 anos. Ainda assim, as mulheres têm maior probabilidade de sofrerem de obstipação do que os homens, sobretudo durante a gravidez, refere o National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK).
A acumulação de fezes no intestino favorece o aumento de pressão na bexiga, o que pode contribuir para os sintomas associados à síndrome de bexiga hiperativa, explica o Departamento de Urologia da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Sinais e sintomas de obstipação
Às dejeções difíceis e pouco frequentes – menos de três por semana – podem associar-se as seguintes queixas:
- Fezes duras e secas;
- Dor, inchaço abdominal e flatulência;
- Náuseas e vómitos;
- Sensação de que a evacuação não é feita completamente.
A lentidão no funcionamento intestinal torna as fezes mais duras e menos volumosas, dificultando a sua expulsão, o que pode provocar mal-estar, desconforto abdominal e/ou dor com a defecação.
Tipos de obstipação
A maioria dos casos de obstipação é temporária e sem gravidade, mas também há casos de pessoas afetadas durante longos períodos de tempo. Desta forma, pode-se distinguir duas formas de prisão de ventre:
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Aguda
Ocorre repentinamente, muitas vezes como reação a uma alteração na alimentação, estilo de vida, stresse ou alteração hormonal, como o início do período menstrual. Na maioria das vezes, é uma situação transitória, resolvendo-se após alguns dias.
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Crónica
Quando é persistente, a obstipação requer acompanhamento médico, pois causa dor significativa, mal-estar e implicações importantes na qualidade de vida. Pode ser responsável pelo surgimento de hemorroidas ou complicações do trato urinário. Também pode provocar obstrução do intestino grosso por uma massa de fezes duras (fecaloma) que não se consegue expelir. Nestes casos, é necessário tratamento urgente.
Quando procurar o médico
Deverá consultar o seu médico se os sintomas de obstipação persistirem por mais de três semanas. A SPG aconselha também a procurar ajuda médica se:
- Tiver perdas de sangue pelo intestino ou anemia;
- Se perder peso;
- Ou se a obstipação se agravou sem causa aparente.
Causas da obstipação
Nem sempre é fácil identificar a causa exata da obstipação. No entanto, seja este um problema frequente ou algo que só acontece esporadicamente, há vários fatores que podem contribuir para a sua ocorrência, segundo o NIDDK:
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Dieta pobre em fibras
A ingestão insuficiente de alimentos ricos em fibras favorece a desregulação do trânsito intestinal. As fibras aumentam o volume das fezes e amaciam-nas, o que facilita a sua progressão pelo intestino.
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Desidratação
O consumo insuficiente de água favorece a prisão de ventre: os líquidos contribuem para hidratar as fezes e auxiliar a sua expulsão.
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Sedentarismo
A prática regular de exercício físico ajuda a promover a contração normal dos músculos da parede intestinal (peristaltismo). Logo, um estilo de vida sedentário aumenta o risco de obstipação.
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Adiar a vontade de defecar
Adiar repetidamente a vontade de ir à casa de banho faz diminuir o reflexo muscular que promove a eliminação das fezes.
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Medicação
Alguns fármacos, como, analgésicos, antidepressivos, tranquilizantes, antiácidos ou anti-hipertensores, podem causar ou agravar o problema.
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Uso abusivo de laxantes
A utilização prolongada e regular de laxantes pode provocar habituação e fazer com que o intestino se torne dependente destes medicamentos.
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Outras condições
A obstipação pode ser provocada por stresse ou por mudanças repentinas no estilo de vida, como uma alteração dietética ou uma viagem. Menos frequentemente, podem existir problemas específicos na origem, nomeadamente:
- Doenças que afetam o aparelho digestivo | Síndrome do cólon irritável, doença de Crohn, cancro colorretal
- Doenças metabólicas | Hipotiroidismo, diabetes, insuficiência renal
- Doenças neurológicas | Doença de Parkinson, esclerose múltipla, lesões da espinhal medula.
Soluções para a obstipação
De uma forma geral, a obstipação tem tratamento, embora possam ser necessários vários meses até se restabelecer um padrão intestinal regular. Na maioria dos casos, tal é possível com base em alterações de dieta e estilo de vida, nomeadamente:
- Aumente o consumo de alimentos ricos em fibra: legumes, fruta, cereais integrais;
- Beba, no mínimo, 1,5 L de água. Os sumos de fruta e as sopas também ajudam a hidratar o organismo;
- Adote um estilo de vida ativo. Pratique exercício físico diariamente, começando com caminhadas diárias de 30 minutos. Correr, nadar, andar de bicicleta também são boas opções;
- Evite consumir alimentos processados, fast food, refrigerantes, fritos e doces;
- Crie um horário regular para ir à casa de banho, de preferência de manhã, após o pequeno-almoço;
- Não ignore ou reprima a necessidade de evacuar.
Se estas medidas não forem suficientes, o médico poderá recomendar tratamentos específicos. Pode ser necessário recorrer a laxantes, mas estes só devem ser utilizados em situações pontuais e sempre sob recomendação médica.
De acordo com a International Foundation for Gastrointestinal Disorders (IFFGD), em algumas situações pode ser recomendado o tratamento com biofeedback, que permite treinar e reeducar os músculos pélvicos e esfíncteres anais. Em casos mais raros pode também ser necessária, ainda, a realização de cirurgia.
Tome nota
Elevar os pés com a ajuda de um banco quando se senta na sanita ajuda o músculo puborretal a relaxar e facilita a evacuação.