Prostatite é uma designação que abrange vários problemas que, tendo em comum a inflamação da próstata, podem ter origens, gravidades e soluções muito diferentes. Segundo a Associação Portuguesa de Urologia (APU) esta é a doença da próstata mais frequente em homens com menos de 50 anos, sendo que cerca de 50% dos homens desenvolvem sintomatologia de uma prostatite em alguma altura da sua vida.

A prevenção passa pela adoção de um estilo de vida saudável. Aqui inclui-se uma alimentação saudável, beber água para se manter hidratado, assegurar uma higiene íntima adequada e usar preservativo.

Existem vários tipos de prostatite, sendo o diagnóstico diferencial feito pelo urologista. Tem como base a história clínica, o exame objetivo e métodos complementares de diagnóstico. É o caso da análise microbiológica da urina e do esperma, da ecografia e, se necessário, tomografia axial computorizada (TAC).

Tipos de prostatite 

A classificação mais usada para distinguir os vários tipos de prostatite é a preconizada pelo NIDDK/NIH (National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases National Institute of Health) que estabelece quatro tipos principais:

Prostatite bacteriana aguda (PBA) | Este tipo tem origem bacteriana. A bactéria mais frequentemente responsável pelo seu aparecimento é a Escherichia coli. Tem um início agudo, causando dor, sintomas irritativos e obstrutivos e manifestações febris sistémicas. “O doente tipicamente queixa-se de urgência e disúria (dificuldade em urinar). As queixas obstrutivas da micção – como a hesitação, fluxo interrompido e fraco e, por vezes, retenção urinária aguda – também são comuns. Pode, ainda, haver dor perineal e suprapúbica. Além disso, geralmente há sintomas sistémicos significativos, incluindo febre, calafrios, mal-estar, náuseas, vómitos ou sépsis (resposta inflamatória generalizada do organismo)”, explica o urologista Frederico Ferronha. Este tipo de inflamação é tratado com recurso a antibióticos.

Prostatite bacteriana crónica (PBC) | A prostatite bacteriana crónica é em tudo semelhante à bacteriana aguda, mas tem episódios recorrentes, que se prolongam por mais de três meses. Também é tratada com antibióticos, geralmente por um período mais prolongado.

Síndrome da dor pélvica crónica (SDPC) |A SDPC masculina também é chamada prostatodínia ou prostatite crónica não bacteriana. A Associação Portuguesa para o Estudo da Dor define-a como uma dor, pressão ou desconforto localizado na pélvis, períneo ou órgãos genitais durante mais de três meses e que não é originado por causas facilmente explicáveis. Por exemplo, uma infeção, neoplasia ou anomalia estrutural. As hipóteses de tratamento são diversas. “O tratamento pode passar pelo uso de antibiótico numa primeira fase, por alfa-bloqueantes, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, antiandrogénios, fitoterapia, neuromodelação, biofeedback, acupuntura, apoio psicológico e, raramente, cirurgia”, descreve Frederico Ferronha.

Prostatite inflamatória assintomática (prostatite histológica) | Este tipo de prostatite não tem sintomas e, por isso, não requer tratamento. Por norma é descoberta no decurso de exames de rotina ou feitos para identificar outro problema, refere Frederico Ferronha.

Fatores de risco

Dependendo do tipo, também os fatores de risco podem variar. No entanto, em geral há várias categorias de fatores de risco, segundo o urologista Frederico Ferronha:

  • Fatores infecciosos, como cistite ou orquite-epididimite (inflamação dos testículos) prévia, relações anais desprotegidas, uso de algália ou de dispositivos de recolha de urina, cirurgia urológica endoscópica prévia e presença de fimose.
  • Relacionados com a disfunção miccional, como a obstrução anatómica ou neurológica resultante em padrões de micção de alta pressão.
  • Fatores de risco psicológicos, como depressão, ansiedade, suporte social fraco e stresse.
  • Alterações imunológicas, por exemplo, alguns tipos raros de prostatite ocorrem quase exclusivamente em pacientes com alergias, especialmente com asma.
  • Alterações sensoriais e motoras do pavimento pélvico.
  • Alterações neuroendócrinas.

 

Tome nota

Um dos riscos da prostatite aguda é uma evolução da situação para prostatite crónica, de mais difícil tratamento. Para minimizar este risco é essencial iniciar precocemente o tratamento da prostatite aguda, cumprir a medicação prescrita e fazer uma boa hidratação oral. Além disso, há que tratar fatores de risco como, por exemplo, as obstruções urinárias.

Sabia que…

Têm sido feitos estudos para apurar se a prostatite pode causar infertilidade, mas a relação entre as duas ainda não está clara? Alguns estudos defendem que as células reprodutivas não são expostas a uma quantidade de bactérias suficiente para lhes causar dano. Outros indicam que a prostatite bacteriana crónica pode levar a disfunções do líquido prostático que, por sua vez, podem lesionar as células reprodutivas.