Chama-se cistite à inflamação aguda ou crónica da bexiga, que pode ter ou não origem infecciosa. Na maioria dos casos, tem origem numa infeção causada por bactérias que chegam ao trato urinário através da uretra (canal que transporta a urina) e se começam a multiplicar na bexiga.

De facto, a cistite bacteriana é o tipo de infeção urinária mais frequente, afetando sobretudo as mulheres. Provoca dores ao urinar e alterações na urina, podendo tornar-se grave se chegar aos rins. Mas a cistite também pode resultar de diferentes fatores não infecciosos que originam inflamação da bexiga.

Que tipos de cistite existem?

Em função dos fatores que dão origem à inflamação da bexiga, é possível distinguir diferentes tipos de cistite:

Bacteriana | É o tipo de cistite mais comum, tendo na base uma infeção urinária.

Por medicação | Alguns fármacos podem causar inflamação na bexiga.

Por radiação | A radioterapia na zona pélvica pode causar inflamação nos tecidos da bexiga.

Por corpo estranho | O uso prolongado de cateteres, por vezes necessário em idosos ou pessoas com doenças crónicas, aumenta a predisposição para infeções bacterianas e alterações nos tecidos.

Química | Causada pelo uso desadequado de produtos como gel de duche ou sprays de higiene feminina.

Intersticial | Inflamação crónica cujas causas não são conhecidas de forma clara.

Associada a outras patologias | Surge associada a outras doenças como, por exemplo, diabetes, pedra no rim ou próstata aumentada.

Como é que a cistite se manifesta?

A cistite pode apresentar os seguintes sintomas:

  • Dor ao urinar (disúria);
  • Aumento do número de idas à casa de banho;
  • Episódios de urgência urinária, caracterizada por uma vontade súbita e inadiável de urinar;
  • Desconforto na região suprapúbica;
  • Presença de sangue na urina (hematúria);
  • Urina mais escura, com odor intenso;
  • Sensação de mal-estar e cansaço.

Quais são os fatores de risco?

A cistite afeta sobretudo o sexo feminino. Segundo a Associação Portuguesa de Urologia, as cistites representam 90% das infeções do trato urinário (ITU) na mulher e 50 a 60% das mulheres em fase de pré-menopausa teve, pelo menos, um episódio de ITU na sua vida.

Há uma razão anatómica para isso: a uretra mais curta facilita a entrada de bactérias no sistema urinário. Mas há outros fatores que aumentam o risco de cistite, sobretudo a cistite bacteriana:

  • Ser sexualmente ativo: a prática de relações sexuais favorece a entrada de bactérias pela uretra;
  • Menopausa: nesta fase da vida da mulher, os tecidos da uretra perdem elasticidade e tornam-se mais suscetíveis à entrada de bactérias, o que favorece a infeção;
  • Gravidez: nesta fase a imunidade das mulheres está mais fragilizada, o que as torna mais suscetíveis a doenças;
  • Alterações no fluxo urinário: o aparecimento de pedras na bexiga ou, nos homens, o aumento da próstata pode levar a alterações urinárias que favorecem a inflamação;
  • Alterações no sistema imunitário: o sistema imunitário pode tornar-se mais débil e suscetível a infeções devido a inúmeros problemas de saúde. Por exemplo, diabetes, infeção por HIV ou tratamentos contra o cancro.

Como é feito o diagnóstico?

Além dos sintomas e do historial clínico de cada doente, o médico pode pedir análises à urina para aferir a presença de bactérias, pus ou sangue na urina.

Também há outros exames que podem ser utilizados quando é necessário avaliar melhor o aparelho urinário. É o caso da cistoscopia, um exame endoscópico das vias urinárias baixas (uretra e bexiga); da ecografia ou raio-X, que podem ser necessários para detetar tumores ou pedra no rim, por exemplo; e da cistografia miccional em que, através de uma substância de contraste, o especialista verifica se a urina flui para trás, em direção aos rins.

Em que consiste o tratamento?

Por norma, os médicos prescrevem antibióticos para tratar a cistite bacteriana. O efeito da medicação pode ser notório em apenas um dia, ainda que o tratamento se possa prolongar entre três dias e uma semana. Se se tratar de uma infeção recorrente, o médico poderá recomendar um tratamento mais longo, pedindo uma avaliação detalhada para perceber a origem do problema.

O tratamento de cistites não bacterianas depende da causa subjacente. Por exemplo, se a cistite tiver sido provocada por produtos químicos, será necessário evitá-los; se se tratar de uma cistite que surgiu na sequência de radioterapia, o médico tentará controlar a dor através de fármacos.

Como se pode prevenir a cistite?

Apesar de o seu efeito ainda não ter sido totalmente comprovado, grande parte dos especialistas sugere a introdução de pequenas rotinas diárias, por forma a minimizar a inflamação e a evitar o aparecimento da doença:

  • Beba pelo menos 1,5 L de água por dia, para se manter hidratado e evitar que as bactérias se multipliquem na bexiga;
  • Opte por tomar duche em vez de tomar banho de imersão. Desta forma, o tempo de exposição dos órgãos genitais ao gel de duche e ao sabonete será menor;
  • Vá à casa de banho assim que sentir vontade de urinar e procure esvaziar sempre a bexiga;
  • Depois de urinar, limpe-se sempre com um movimento da frente para trás, de forma a evitar a deslocação de bactérias do ânus para a uretra;
  • Não utilize produtos perfumados ou pó de talco na zona genital, para não irritar a uretra e a bexiga;
  • É fundamental que os produtos de higiene íntima sejam adequados à sua idade, aconselhe-se com o seu médico;
  • Não se esqueça de urinar após as relações sexuais, de forma a diminuir o número de bactérias na zona, minimizando o risco de infeção;
  • Prefira roupa interior de algodão e evite utilizar pensos diários, para não irritar a zona genital.

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