É um dos indicadores mais utilizados para identificar casos de obesidade, mas também de défice ou de excesso de peso. O Índice de Massa Corporal (IMC) avalia a relação entre o peso e a altura de cada pessoa. “As evidências científicas sugerem que valores mais altos de IMC estão associados a níveis mais elevados de massa gorda e a um risco mais elevado de doenças cardiovasculares e metabólicas, a  perturbações respiratórias, alguns tipos de cancro e a problemas ortopédicos”, explica o fisiologista do exercício Hugo Vieira Pereira. E diz: “O IMC utiliza-se sobretudo em estudos de larga escala para avaliar o estado de saúde, normalmente de populações, pois está fortemente associado à generalidade das doenças crónicas não transmissíveis e é relativamente simples de medir”.

Como se calcula o IMC

Para obter o IMC basta dividir o peso (kg) pelo quadrado da altura (m2). Isto significa, por exemplo, que uma pessoa com 60 kg e 1,65m tem um Índice de Massa Corporal de 22,06, resultado do seguinte cálculo: 60/ (1,65 x 1,65).

Para que a informação seja fidedigna, sublinha Hugo Vieira Pereira, é fundamental que os dados sejam cuidadosamente registados:

  • O peso deve ser avaliado em jejum, depois de se ir à casa de banho
  • A altura deve ser medida com a pessoa descalça, mantendo o tronco e a cabeça retos.

Valores de referência

Por si só, o IMC não permite perceber se o peso está adequado à altura. Para que isso aconteça é preciso compará-lo com as tabelas de referência da Organização Mundial de Saúde (OMS). Estas são compostas por intervalos numéricos associados a uma classificação: baixo peso, peso normal, excesso de peso e obesidade. Os valores são os seguintes:

Classificação

IMC (kg/m2)

Baixo peso

<18,5

Peso normal

18,5 – 24,9
Pré-obesidade

25 – 29

Obesidade classe I (moderada)

30 – 34,9

Obesidade classe II (severa)

35 – 39,9

Obesidade classe III (mórbida)

> 40

Quer o IMC seja inferior a 18,5 ou igual ou superior a 25, deverá procurar um especialista para  diagnóstico e tratamento adequados. Valores baixos de IMC podem dever-se, por exemplo, a distúrbios alimentares, enquanto valores altos traduzem quadros de excesso de peso e obesidade. Valores fora do intervalo normal podem estar associados a várias complicações de saúde.

Cuidados a ter na interpretação do IMC

O IMC avalia a massa corporal, mas não nos diz nada sobre a sua constituição – massa gorda ou massa magra – nem sobre a sua distribuição. Desta forma, para se chegar a conclusões fiáveis sobre o estado de saúde, o IMC deve ser interpretado com precaução e contextualizado por outros indicadores de saúde.

Por exemplo:

  • Um atleta e uma pessoa com excesso de peso podem medir e pesar exatamente o mesmo. Neste caso, terão o mesmo IMC, mas este traduzirá estados de saúde muito diferentes.
  • Podemos ter um IMC associado a um peso normal, tendo ainda assim demasiada gordura na barriga, por exemplo, o que não é saudável. “A gordura acumulada no tronco (androide) está mais relacionada com as doenças cardiovasculares e metabólicas do que a distribuída pelos membros (ginoide)”, afirma o fisiologista do exercício.

Indicadores complementares

Existem outros métodos para analisar a saúde com base nas medidas corporais que devem complementar a informação do IMC. Os principais são:

  • Perímetro abdominal

É um dos indicadores que permitem avaliar o padrão de distribuição da gordura, neste caso a existente no abdómen. Pode ser registado ao nível do umbigo, diz Hugo Vieira Pereira, e segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia, deve ser inferior a 94 cm nos homens e a 80 cm nas mulheres. Valores acima destes estão associados a maior risco de doenças como a hipertensão, diabetes, obesidade e hipercolesterolemia. Perímetros abdominais superiores a 102 cm nos homens e a 88 cm nas mulheres tornam o risco de doença cardiovascular “muito elevado”.

  • Bioimpedância

Trata-se de um exame que, através da colocação de sensores, permite analisar a composição corporal, avaliando parâmetros como os níveis de água, de massa muscular, de massa gorda e o metabolismo basal. Com base nos resultados, é possível identificar depois alterações nutricionais e de hidratação.

 

Sabia que….

Recentemente surgiram evidências científicas sobre a relação entre perímetro do pescoço e a saúde? “O desenvolvimento do protocolo e dos valores de corte ainda está numa fase inicial, mas é possível que venham a ser adotados como medida de estratificação do risco de doença”, revela Hugo Vieira Pereira.

 

URO/2017/0035/PTds, MAR19