A incontinência urinária – perda involuntária de urina – afeta 600 mil portugueses, segundo estimativas referidas pela Associação Portuguesa de Urologia. Como não têm controlo da bexiga, as pessoas com incontinência tendem a limitar as atividades do quotidiano às imediações de casa ou a locais com casas de banho. Por isso, o impacto na autoestima e na vida social pode ser profundo.

Atingindo mais mulheres do que homens, a incontinência urinária pode designar desde perdas de urina ligeiras e ocasionais a moderadas, intensas e/ou regulares. Na origem deste sintoma, que se manifesta em diferentes contextos, pode estar uma diversidade de condições. A sua identificação é essencial para a definição da abordagem terapêutica. Assim se justifica a identificação de diferentes tipos de incontinência urinária. Apresentamos-lhe os principais.

Incontinência urinária de esforço

É a forma mais comum de incontinência. Ocorre na sequência de uma atividade ou de um esforço físico, em ações tão simples como saltar, espirrar, tossir, rir ou levantar objetos pesados. Em casos mais graves, a perda pode acontecer ao levantar-se de uma cadeira, ao sair da cama ou durante uma caminhada. Neste tipo de incontinência urinária, os músculos do pavimento pélvico que suportam a bexiga e a uretra – canal que conduz a urina da bexiga ao exterior – estão enfraquecidos. Por isso, movimentos repentinos ou intensos aumentam a pressão na zona abdominal e os músculos pélvicos não conseguem dar a resposta necessária, o que origina perdas de urina.

Causas:

O enfraquecimento dos músculos da zona pélvica e o consequente aparecimento de incontinência urinária de esforço é, até certo ponto, uma consequência natural do envelhecimento. No entanto, há vários fatores que contribuem para o agravar. Nas mulheres, a gravidez, o parto e/ou as alterações hormonais provocadas pela menopausa podem explicar o problema. Cirurgias na região pélvica ou, no caso dos homens, na próstata, bem como lesões na uretra também têm impacto. O excesso de peso e a obesidade são fatores de risco. 

Tratamento:

Pode passar pela cirurgia ou pela prescrição de medicação, mas é sobretudo indicada a prática de exercícios que fortaleçam a musculatura pélvica. Modalidades como o pilates são especialmente recomendadas. É fundamental ter um estilo de vida saudável, incluindo uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercício físico, que permitem controlar o peso. Não fumar é importante: além do impacto negativo na saúde de forma global, a nicotina pode irritar a bexiga. Neste tipo de incontinência, a cura é possível em 90% dos casos.

Incontinência urinária de urgência

Neste caso, as perdas de urina estão associadas a episódios de urgência, ou seja, a uma vontade súbita e intensa de urinar. Nestas situações, o músculo da bexiga (detrusor) contrai-se demasiado cedo e não se consegue controlar a saída de urina pela uretra – é a chamada hiperatividade vesical. Muitas pessoas sentem dor na região pélvica ou ardor quando urinam. Podem também ter necessidade de urinar mais de oito vezes por dia e acordar de noite para urinar (noctúria).

Causas:

O leque de situações que podem estar na origem deste tipo de incontinência urinária é muito abrangente, o que reforça a importância do diagnóstico. Os sintomas podem ser consequência de uma infeção urinária ou de um cancro da bexiga. No caso dos homens, o aumento da próstata está frequentemente na origem deste tipo de incontinência. Também pode estar associado a danos no sistema nervoso e a doenças como Parkinson, Alzheimer ou esclerose múltipla. Na ausência de outras causas identificáveis, o diagnóstico é de síndrome de bexiga hiperativa.

Tratamento:

O tratamento depende da causa identificada. Em caso de síndrome de bexiga hiperativa, a primeira linha de tratamento são as medidas comportamentais – por exemplo, a adequação dos horários de ida à casa de banho, o controlo da ingestão de líquidos e a exclusão de alimentos estimulantes da bexiga. Caso esta abordagem seja insuficiente, é possível recorrer a fármacos e, em último recurso, a terapêuticas invasivas.

Incontinência urinária mista

Este tipo de incontinência urinária combina sintomas da incontinência urinária de esforço e de incontinência urinária de urgência. Quem sofre deste tipo de incontinência tanto sente necessidade urgente de urinar, como perde urina enquanto pratica desporto, por exemplo. Por isso, as causas e o tratamento resultam de uma junção de características patentes em ambos os tipos. A avaliação médica é fundamental na resolução de cada caso.


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Proporção de portugueses com mais de 40 anos que têm sintomas de incontinência urinária, segundo o Estudo Epidemiológico sobre Prevalência e Tratamento da Incontinência Urinária em Portugal.

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E obter um diagnóstico adequado é o primeiro passo para solucionar a incontinência urinária.

 

URO/2017/0035/PTdt, MAR19