Especialista
Isabel Gonzalez Duarte
Psicóloga clínica e psicoterapeuta
Costuma dizer-se que a motivação é uma porta que se abre por dentro. Mas também é verdade que as relações com as pessoas que nos rodeiam podem ter um impacto grande – positivo ou negativo – na forma como nos sentimos. Não é por acaso que os estudos nesta área mostram que ter uma boa rede de suporte familiar e social faz toda a diferença quando se tem uma doença crónica. Nomeadamente, na capacidade de manter uma atitude positiva, adaptar-se às dificuldades e superar obstáculos.
O desafio da bexiga hiperativa
O diagnóstico de bexiga hiperativa, em particular, além de ter um impacto no bem-estar físico, tem influência no equilíbrio emocional dos doentes. Mesmo sem chegar a quadros patológicos, como a depressão, é normal que a desmotivação, a apatia e a tristeza se façam sentir. A doença introduz limitações que podem criar dificuldades nas relações familiares e sociais: “O sentimento dominante é a vergonha. Gera-se um estigma, as pessoas retraem-se, não falam sobre o assunto e a tendência é para se isolarem. Família e amigos devem estar atentos”, enfatiza a psicóloga clínica e psicoterapeuta Isabel Gonzalez Duarte.
O que não dizer
Sendo um tema sensível para quem sofre da doença, é natural haver dúvidas no que toca à melhor abordagem na comunicação. A psicoterapeuta destaca três erros a evitar para não destruir a motivação:
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Dar demasiadas opiniões, conselhos ou sugestões
“Ainda que bem-intencionado, o familiar ou amigo deve evitar dar muitas dicas e conselhos, a não ser que esteja muito por dentro do assunto. É que não há receitas únicas e o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra.”
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Fingir que não se passa nada
“Ignorar totalmente o assunto e simplesmente não falar sobre o tema da doença só aumenta o constrangimento e o estigma em torno do problema.”
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Minimizar o problema
“Frases como ‘deixa lá isso’ ou ‘não penses mais no assunto’ têm um impacto desastroso. Podem fazer a pessoa sentir que a sua condição é desvalorizada e criar a perceção de ser incompreendida.”
Ajudar da forma certa
Mais do que falar, saber ouvir e estar disponível para ajudar é o principal para promover a motivação da pessoa que queremos ajudar. Eis o que sugere Isabel Gonzalez Duarte:
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Ouvir sem julgamentos
Resista à tentação de dar conselhos e foque-se mais em ser um bom ouvinte. Encorajar a pessoa a falar irá ajudá-la a expressar-se e elaborar o que sente sem medos.
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Estar disponível
“Afirmações como ‘estou aqui contigo para o que precisares’ transmitem uma atitude de apoio que dá confiança. Obviamente que, se for solicitada ajuda, terá que estar mesmo disponível para ajudar.”
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Encaminhar para apoio especializado
“Os familiares podem e devem recomendar que o doente procure ajuda médica ou psicológica. Isto é importante porque só um profissional consegue distinguir a ansiedade natural de uma angústia paralisante que necessita de uma intervenção especializada, por exemplo.”
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Ajudar em questões práticas
“É importante ter em conta as limitações do familiar/amigo quando são planeadas atividades fora de casa. Saber se o local tem casa de banho e planear o percurso, tendo em atenção as paragens em locais com sanitários disponíveis, faz com que a pessoa se sinta mais segura e menos ansiosa”, refere a especialista.
Tome nota
Veja aqui algumas sugestões práticas a ter em conta no dia a dia e que facilitam muito a vida de quem tem bexiga hiperativa.
URO_2020_0080_PT, Nov20
Especialista
Isabel Gonzalez Duarte
Psicóloga clínica e psicoterapeuta