A empatia está, de forma mais ou menos inconsciente, no dia a dia de todos nós. É o impulso que nos faz sorrir se alguém sorri, que nos assusta ao ver um filme de terror, que nos comove ao ouvir uma experiência dramática. É, conforme a define a Associação Americana de Psicologia, entender o outro pela sua perspetiva – e não pela nossa – ou experienciar as suas emoções como se fossem nossas.

De onde vem a empatia?

Em meados da década de 1990, o neurofisiologista italiano Giacomo Rizzolatti (Universidade de Parma) deu um importante contributo para a compreensão da empatia. Ao estudar os neurónios responsáveis pelo planeamento e execução dos movimentos num grupo de macacos, descobriu algumas bases neurológicas que a explicam. Havia um grupo de neurónios – que veio a batizar como neurónios-espelho – que se ativavam quando os símios faziam um movimento específico. Os mesmos neurónios ativavam-se também quando observavam aquele movimento noutro macaco ou num humano. Isto é, uma parte dos seus cérebros não fazia grande distinção entre fazer um movimento ou ver alguém fazê-lo.

Estudos posteriores, em humanos, permitiram concluir que no campo das emoções isso acontece connosco: quando vemos alguém a rir, a ter medo, a chorar, a ficar envergonhado, o nosso cérebro ativa parte dos circuitos correspondentes a essas emoções meramente ao observá-las. E é por isso que as sentimos.

Qual é a diferença entre empatia e simpatia?

A simpatia refere-se a uma afinidade e facilidade de contacto com o outro que, por norma, se associa a semelhanças ou pontos comuns. Já a empatia, passa por compreender o outro independentemente das diferenças, por sentirmos de forma mais ou menos automática o que os outros sentem.

Mas há, claro, outros fatores a ter em conta: é mais fácil ter empatia com quem temos maior proximidade emocional, com emoções que refletem uma experiência que já vivenciámos e que é demonstrada de forma mais intensa. Assim, fala-se em dois tipos de empatia: uma mais baseada nas emoções, que sentimos de forma mais ou menos automática, outra que passa por um esforço cognitivo deliberado para se ‘calçar os sapatos do outro’.

Como podemos ser mais empáticos?

A empatia é-nos, em parte, inata. Varia de acordo com fatores de ordem genética, de neurodesenvolvimento, de temperamento e da nossa experiência de vida. Mas vários estudos demonstram que podemos desenvolver esta capacidade já na idade adulta. Roman Krznaric, consultor no campo da empatia para a Organização das Nações Unidas e a Oxfam, partilha hábitos de pessoas muito empáticas num artigo da revista Greater Good, da Universidade da Califórnia.

1) Cultive a curiosidade sobre estranhos

As pessoas empáticas têm uma curiosidade insaciável acerca dos estranhos. A curiosidade expande a empatia: falar com pessoas fora do nosso círculo social habitual permite encontrar visões muito diferentes. Cultivar a curiosidade exige mais do que uma conversa superficial: implica entender o mundo através da cabeça da outra pessoa. Abrace o desafio de conversar, pelo menos, com um estranho todas as semanas.

2) Desafie preconceitos

Todos nós temos pré-conceitos e usamos rótulos para definir os outros. As pessoas muito empáticas desafiam os seus próprios pré-conceitos, procurando o que têm em comum em vez de se focarem no que as separa. Procure identificar os seus pontos comuns com os outros, por muito diferentes de si que eles sejam.

3) Experimente a vida de outra pessoa

A empatia experiencial é a que mais resultados dá. É aquela que passa não só por ‘calçar os sapatos do outro’, como também por caminhar com eles. Podemos exercitá-la indo a uma igreja de uma religião diferente da nossa, fazendo voluntariado num país em desenvolvimento ou junto de uma população desfavorecida. Como defendia o filósofo John Dewey, “toda a educação genuína acontece por meio da experiência”.

4) Escute e abra-se às emoções

Há dois traços necessários para se ser um conversador empático. Um deles é escutar verdadeiramente a outra pessoa, tentando compreender o seu estado emocional e as suas necessidades. O outro é permitirmo-nos ser vulneráveis, remover as nossas máscaras sociais e mostrar os nossos sentimentos, para que o outro o possa sentir, se nos estiver a escutar.

5) Aspire à mudança social

As pessoas altamente empáticas sabem que a empatia pode gerar fenómenos de massas que provocam mudanças sociais. A esmagadora resposta do público ao tsunami asiático, em 2004, surgiu de uma sensação de preocupação com as vítimas. Experimente, por exemplo, usar as redes sociais não só para disseminar informação, mas também como conexão empática com quem precisa.

6) Exercite a tolerância

Um dos traços das pessoas muito empáticas é não dirigirem a empatia só a quem está a sofrer ou pertence a grupos socialmente desfavorecidos. Também precisamos de ter empatia com pessoas cujas crenças não partilhamos e que têm convicções diferentes das nossas. A empatia para com os adversários é um caminho para a tolerância social.

 

URO/2017/0033/PThh, JAN19